Policial, marido de uma vereadora, é investigado por instalar rastreadores em integrantes da prefeitura de Itajaí

O marido de uma vereadora de Itajaí é apontado como o responsável pela instalação de rastreadores ilegais no carro de uma assessora do gabinete do prefeito licenciado, Volnei Morastoni (Podemos) e no veículo de Thiago Morastoni (Podemos), filho do prefeito e secretário de Desenvolvimento Econômico.

Na manhã desta terça-feira (22), a DIC (Divisão de Investigação Criminal) da Polícia Civil de Itajaí, cumpriu mandados de busca e apreensão na casa da parlamentar.

As investigações aprontam que o marido da vereadora instalou rastreamento ilegal no carro secretário de Desenvolvimento Econômico, Thiago Morastoni, antes da campanha dele a deputado estadual.

Ainda de acordo com as investigações, os dispositivos estavam registrados no nome do marido da vereadora que é policial civil. O responsável pelas investigações é o delegado Eduardo Ferraz que ainda não se manifestou à imprensa.

A assessoria do prefeito Volnei Morastoni confirmou que Thiago descobriu o rastreador no carro no último dia 5 de agosto, registrou boletim de ocorrência e abriu uma notícia-crime, mas não divulgou o fato, preferindo aguardar o prosseguimento das investigações.

Ele inclusive seguiu usando o rastreador por mais 20 dias sob orientação da Polícia Civil. A forma como a assessora descobriu os rastreadores ainda não foi divulgada oficialmente. O secretário enviou uma nota esclarecendo o fato, confira na íntegra:

Sobre a operação da Polícia Civil desencadeada nesta terça-feira, que culminou no cumprimento de um mandado de busca e apreensão na casa de vereadora de Itajaí, cujo marido é policial civil e suspeito de ser o autor dos fatos, venho esclarecer que:

Tomei conhecimento da ação policial pela imprensa. Fui surpreendido pela notícia nesta manhã, uma vez que o referido processo corre em segredo de Justiça.

Como comentei anteriormente em entrevistão ao Diarinho, tomei conhecimento de que estava sendo rastreado ilegalmente no dia 5 de agosto, antes de iniciar o período de campanha eleitoral. Imediatamente procurei meu advogado, registramos o caso na Polícia Civil e oferecemos notícia-crime à Justiça. Sob orientação da própria polícia, não retirei o rastreador do meu veículo e segui por mais 20 dias com o equipamento acoplado na traseira do meu carro particular.

Toda essa situação é motivo de angústia e estresse para mim e toda a minha família. Jamais imaginei passar por situação semelhante. Primeiro ter meus passos ilegalmente monitorados e posteriormente precisar fingir que não havia descoberto o dispositivo para que a apuração dos fatos pudesse ser possível.

Foram dias de medo, inclusive, pelo que pudesse acontecer já que não temos qualquer noção do que estava sendo tramado. O rastreador ilegal foi colocado no carro que uso com minha família. Onde ando principalmente com minha esposa e filha inclusive nos fins de semana.

Minha surpresa com o cumprimento do mandado nesta terça foi ainda maior porque jamais poderíamos imaginar que pessoas tão próximas seriam capazes de atentar contra mim e contra a assessora direta do prefeito Volnei Morastoni, que também teve o veículo monitorado ilegalmente.

Tanto o suspeito de ser o dono do rastreador, o policial civil, quanto a esposa dele conviviam pacificamente comigo em eventos e nos espaços públicos, como no próprio gabinete do prefeito, onde sempre foram muito bem recebidos.

Infelizmente não faço ideia do que pode ter motivado tal ato criminoso. Essa dúvida é algo que me consome desde então. Mas conto com a investigação policial que, agora, conseguirá apurar o motivo para tanto eu quanto a assessora direta do prefeito Volnei Morastoni estarmos sendo monitorados.

Para nossa tranquilidade, esse fato está prestes a ser solucionado. Saberemos também se tal prática já foi aplicada outras vezes, talvez com outras pessoas, sem que fosse descoberta, o que é muito possível.

Sigo indignado que algo assim possa acontecer na nossa comunidade, envolvendo pessoas públicas e até então idôneas, mas também sigo creditando nas forças de segurança e na justiça.

O que diz vereadora

A vereadora, por meio de nota  afirma que o processo é direcionado ao marido dela, não sendo envolvida no caso e que as investigações correm em segredo de Justiça. Confira na íntegra:

Lamento, mais uma vez, o uso político das instituições na tentativa de abalar minha imagem. Após não terem sucesso em investida judicial contra minha pessoa, o alvo passou a ser o meu esposo.

No cumprimento de um mandado judicial em minha residência, em um procedimento que deveria ocorrer sob sigilo, havia repórteres para fotografar a ação, num claro vazamento de informações com um único objetivo: o de macular minha imagem.

Isso sim deve ser apurado, o vazamento das informações com má-fé se enquadra na nova lei de abuso de autoridade.

É preciso registrar que o mandado não tinha como alvo a minha pessoa e, pelas informações iniciais apuradas, tinham como fundamento prova obtida unilateralmente e passível de adulteração, sem a fé pública necessária, razão pela qual, o sigilo das investigações e a não exposição minha e do meu esposo deveria ser o norteador dos procedimentos judiciais e policiais.

Ressalto ainda que a proximidade de decisões políticas importantes da cidade, faz com que adversários inconformados com reiteradas derrotas políticas, tentem atacar novamente a minha imagem de vereadora e, lamentavelmente, utilizam minha família como alvo, a quem peço desculpas por todo desconforto.

Estou na vida pública há dezesseis anos e me orgulho muito de ter a ficha limpa. Os gestores públicos estão sujeitos a investigações dos diversos órgãos e é natural que respondam a processos, mas contra mim não recai absolutamente nenhuma conduta que me desabone, nesses anos todos.

Também por meio de nota, a Polícia Civil confirmou que na manhã desta terça-feira (22), por meio da DIC/PCSC de Itajaí, com o acompanhamento da Corregedoria da Diretoria de Polícia do Litoral da Polícia Civil, cumpriu um mandado de busca e apreensão na residência de um agente da Polícia Civil de Santa Catarina.

Na operação foi apreendido o celular do policial. Segundo a investigação, ele é suspeito de ter instalado rastreadores no veículo de duas pessoas de Itajaí. O policial é suspeito do crime de perseguição, artigo 147-A do Código Penal.